Você é uma pessoa filosófica, científica ou prática? Existem formas de explicar o que é a psicoterapia e como pode te ajudar, independente da sua expectativa de como pode ser seu processo.
Atualmente muito se fala sobre a importância da psicoterapia e como pode auxiliar as pessoas desde a tomar melhores decisões até para prevenir sintomas mais graves de estresse, ansiedade e depressão – ou para quando esses sintomas já estão instalados. Contudo, como explicar o funcionamento de algo tão complexo, já que cada processo é único?
As pessoas que buscam os serviços de um psicoterapeuta tendem a criar certas expectativas sobre o processo. Afinal, como será? O que esperar? O que devo falar e como devo proceder? Imagino que se você está lendo esse artigo ou se interessa por assuntos relacionados à psicologia ou está pensando em iniciar um processo psicoterapêutico.
Então, pensando nas pessoas que tem dúvidas sobre o tema, separei três maneiras de explicar de forma simples o que é a psicoterapia e como esse processo pode te ajudar.
A FILOSOFIA DA PSICOTERAPIA
O primeiro modo de explicar a psicoterapia é bem filosófico e diz respeito ao clichê mais conhecido da psicologia clínica: o consultório é um local de fala e de escuta, onde o cliente fala e também se escuta.
O consultório é um local de sigilo e o psicólogo treinado para exercer o não-julgamento sobre os relatos que ali são feitos. Assim, o cliente tem um espaço ímpar para falar daquilo que talvez não haja outro espaço para ser dito. Não existe assunto tabu no consultório.
Essa liberdade de fala também traz a liberdade de emergir conteúdos que o cliente sequer sabia estar dentro dele, possibilitando o encontro do sujeito consigo mesmo, o que permite uma reestruturação dos afetos e do bem estar biopsicossocial.
Apesar de subestimado, o encontro com seu verdadeiro eu permite o autoconhecimento e é a única forma legítima de desenvolvimento pessoal ao tornar consciente aquilo que antes era inconsciente, aprimorando seu modo de ser no mundo, suas relações sociais e profissionais.
PSICOLOGIA E CIÊNCIA
Experimentos em psicologia concluem que pensamentos, emoções e comportamentos são intrinsecamente interligados. Aquilo que se passa em nossa cabeça gera emoções e também ações, tanto quanto emoções influenciam nossas ações e pensamentos ou ações geram pensamentos e emoções.
Já que nossas nossa psiquê funciona em um ciclo de interdependência, como elos de uma corrente, o psicoterapeuta busca, junto ao seu cliente, uma forma de mudar ao menos um desses elos para que os outros também se modifiquem em uma sequência encadeada, diminuindo assim o sofrimento psíquico.
O objetivo é levar o cliente à uma melhor compreensão de seus pensamentos, comportamentos e emoções disfuncionais. O resultado é uma vida onde é possível tomar decisões mais racionais, eficientes e realistas.
E NA PRÁTICA?
Na enorme maioria das vezes o cliente não está interessado em questões filosóficas ou em complexidades científicas, mas apenas resolver seu estado de sofrimento. Costumo explicar para esse cliente que não existe nenhuma ação que não tenha sido antes um pensamento (mesmo que inconsciente), portanto melhorar a qualidade de nossos pensamentos também melhoram nossas decisões e ações, assim como melhorar nossas ações também melhoram nossa qualidade de pensamentos e emoções.
A vida contemporânea e as relações muitas vezes nos levam à uma anestesia do pensamento, o que é um mecanismo de defesa contra o sofrimento psíquico – pensar nos leva a verdades sobre nós mesmos que podem ser difíceis de suportar. No entanto, isso gera uma automatização à ponto de nos fazer meros expectadores de nossa própria história.
Assim, buscar uma vida mais consciente e intencional faz com que o cliente tenha maiores possibilidades de decisões mais assertivas e ações com melhores resultados, além de uma vida muito mais satisfatória.
...MAS O OBJETIVO É SEMPRE O MESMO
Costumo dizer que nunca sei o que adentrará pela porta e que cada dia no consultório é completamente imprevisível. Isso porque cada cliente é um universo e possui uma visão muito particular do que seja qualidade de vida para ele.
Talvez um cliente deseje ter uma vida mais ativa e outro uma vida mais pacata, talvez um deseje dar maior vazão ao espírito agressivo nos negócios e outro buscar uma vida profissional mais significativa, ou quem sabe sequer deseja deixar de ser ansioso ou hiperativo, só não quer sofrer mais com isso. Cada cliente é um universo de subjetividade e percebe o sofrimento psíquico de maneira muito pessoal.
Assim, toda psicoterapia é realmente uma jornada individual, subjetiva e ímpar. Costumo dizer que todos os caminhares são individuais, eu apenas possuo alguns mapas e instrumentos para traçar rotas, tentando entender para onde o cliente deseja fazer sua jornada e o auxílio a preparar suas malas para essa magnífica viagem rumo ao autoconhecimento e à uma vida melhor, tanto faz se de uma forma filosófica, científica ou pragmática, a jornada é a do cliente, eu sou apenas o guia.
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